Poder
As primeiras representações artísticas do período colonial impregnaram a memória coletiva e contribuíram para a construção de estereótipos sobre as culturas estrangeiras, tingindo-as com uma camada de exotismo, visível nos objetos que transportam, que disfarça a subjugação e a exploração a que foram sujeitas. Um exotismo que sobrevive nos retratos que decoram os gabinetes e salões das classes abastadas e que se acumula nas coleções institucionais.
A sociedade atual ainda não se conformou com a presença nas suas cidades de descendentes dos servos do império.
Estes procuram dignificar as suas vidas migrando para as metrópoles que, no passado, enriqueceram com a riqueza dos seus recursos naturais e com o trabalho escravo. Esta globalização provocada pela deslocação maciça de populações está a mudar a percepção do passado. É o que sugerem os dípticos de Augusto Brázio. As fotografias têm uma capacidade extraordinária de alargar o significado do que mostram. Agora, aqueles que aparecem como sujeitos exóticos são os representantes do poder colonial.
Alejandro Castellote